O Martírio das Drogas
Um problema sério que se alastra por todo o país.
Nas últimas décadas, o consumo
de drogas aumentou de forma alarmante entre a população brasileira. Pessoas de todas
as classes sociais – com ênfase nas camadas mais carentes – sofrem, na pele, os
efeitos terríveis dos tóxicos. Dependentes químicos têm suas personalidades
alteradas e muitos se tornam altamente violentos.
O problema é tão grave que tem
provocado até mesmo assassinato em família.
Por mais que as autoridades,
educadores e pais lutem para livrar os usuários do vício, o mal parece não ter
fim, ao contrário, está cada vez mais fora de controle.
O crescimento do consumo de
drogas pesadas nas metrópoles brasileiras tem trazido conseqüências trágicas
para a sociedade. Muitos dos usuários, sob o efeito de maconha, da cocaína, do crack, êxtase e até mesmo da heroína (droga que entrou com
mais freqüência recentemente no país) têm se transformado em criminosos.
Para o escritor e pesquisador
de temas sociais Ib Teixeira, que trabalhou durante longo tempo na Fundação
Getúlio Vargas (FGV-RJ), a relação entre drogas e criminalidade é indiscutível.
Þ ‘Na cidade do Rio de Janeiro,
entre 1942 e 1990, os assassinatos saltaram de 3,8% para 59% por grupos de
100.000 habitantes. Isso significa um crescimento de 1.458%. Nos 20 anos que
marcaram a invasão da cocaína no mercado brasileiro – entre 1970 e 1990 –
verifica-se a seguinte evolução dos homicídios por grupos de 100.000
indivíduos:
1970
|
8,67
%
|
1980
|
17,33 %
|
1990
|
59
%
|
- esclarece o pesquisador, Ib
Teixeira.
Vidas Destruídas Pelas Drogas
A droga tem efeito devastador e acaba transformando-se em compulsão. O
resultado é a destruição do indivíduo e o terror na família.
Em São Paulo, a
questão da violência motivada pelo uso de drogas também é muito grave. Após a
invasão da cocaína e do crack, o número de homicídios
saltou de 2.300 (1980) para 13.000 (1998). Um crescimento, portanto de 465%.
Hoje, por incrível que pareça,
o Brasil registra mais homicídios provocados pelas drogas do que a própria
guerra civil colombiana. – enfatiza Ib Teixeira.
Enfim, a decadência moral e
até assassinatos em família degradam a sociedade, e os índices são cada vez
mais assustadores.
Por trás das
estatísticas, a realidade cruel dos viciados...
Recentemente, Manoel Moraes,
de 23 anos, sob efeito de drogas e armado com um pedaço de madeira, aplicou uma
surra na irmã de 17 anos – também usuária de drogas e álcool – e, matou a
pauladas sua sobrinha, um bebê de dois meses. A família não sabe o paradeiro do
criminoso, que está sendo procurado pela polícia. O crime aconteceu em Cuiabá
(MT).
No rastro dos crimes
provocados por consumo de entorpecentes, a violência tem se repetido cada vez
mais.
Em São Paulo, o
aposentado Amador Cortilline, de 68 anos, deu um tiro
no próprio filho, o digitador Rodrigo, de 26 anos, viciado em cocaína desde a
adolescência. Desesperado por ter cometido o crime em função de não suportar
mais os problemas domésticos causados pelo filho drogado, resolveu se entregar.
O aposentado ficou
transtornado ao saber que seu filho ameaçara matar a própria mãe. Um dos irmãos
do dependente químico morto, admitiu ter sido um
alívio para a família a morte do irmão. Após o fato, o aposentado Amador,
recusou-se a comer e passou a tomar remédios para dormir. Acabou morrendo 25
dias depois de infecção generalizada.
Envolvimento do
filho com as drogas faz o rei Pelé viver drama
No dia 7 de junho de 2005, chorando
muito após saber que seu filho, o Edinho, 34 anos, fora preso por envolvimento
com drogas, Pelé disse que talvez tenha trabalhado demais, mas sempre deu muito
carinho aos filhos.
Crianças: As Maiores Vítimas
Estudos patrocinados pela
Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) e elaborado
desde 1987 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) revela que crianças com 10 anos de
idade começam a ter contato com algum tipo de droga.
Dentre as piores drogas
conhecidas estão a cocaína e a heroína – uma variação
da morfina, que por sua vez varia do ópio, obtido de uma planta denominada
‘papoula’. A heroína é uma das mais prejudiciais drogas de que se tem notícia.
Além de ser extremamente nociva ao corpo, causa rapidamente dependência química
e psíquica, assim como o ‘crack’ e os comprimidos de
‘ecstase’ ou ‘extase’,
utilizados nas festas ‘raves’ ou nas noitadas de
‘baladas’ regadas a músicas eletrônicas.
Essas drogas agem como
poderosos depressores do sistema nervoso central. O estudo também mostra que
12,7% de jovens na faixa etária de 10
a 12 anos já usaram algum tipo de droga (álcool, cola de sapateiro, benzina, tinner,
cheirinho da loló, lança perfume, maconha, chá de
cogumelo ou de trombeta, etc...).
A situação é pior no Sudeste,
onde 15,1% dos jovens já experimentaram algum tipo de entorpecente. O primeiro
uso da maconha ocorre em média aos 12 e 13 anos de idade, ou menos, dependendo
da situação geográfica em que a criança tenha residência (favelas, por
exemplo), e o da cocaína, aos 14 anos, em média.
O Estudo mostrou que a maioria
dos jovens que já utilizaram droga ao menos uma vez na vida é pobre: 71,6% são
das classes C, D e E.
A pesquisa mostra que estudantes,
após fazer uso de drogas, estão mais defasados na escola em comparação aos que
nunca haviam experimentado esse tipo de substância. Entre os jovens que relatam
não fazer uso ou consumo pesado de drogas, a maior parte mantém um bom
relacionamento com os pais e os pais se relacionam bem entre si.
De acordo com esse estudo, o
fato de os pais serem autoritários ou liberais pouco influiu no consumo de
drogas dos filhos.