Para
a maioria dos pais, falar sobre o uso de álcool é uma tarefa
complicada. Muitos não sabem como agir ao identificar sinais de consumo
excessivo de álcool por seus filhos, e esta dificuldade torna-se ainda
maior quando o problema com a bebida já está instalado. Para ajudar na
abordagem do tema em família, o Centro de Informações sobre Saúde e
Álcool (CISA) elaborou uma série de orientações para auxiliar os pais na
identificação do problema e também em sua resolução.
De acordo com o CISA, os principais sinais que podem estar
relacionados ao consumo excessivo de álcool pelos jovens são: mudanças
de humor ou irritabilidade, faltas na escola, notas baixas e ação
disciplinar recente. Além disso, é importante ficar atento aos
comportamentos de rebeldia contra regras da família, relutância em
apresentar novos amigos aos pais, aparência descuidada, falta de
envolvimento em atividade que sempre o interessava e baixa energia ou
preguiça constante.

O consumo de álcool reduz a expectativa de vida em 2 décadas
Vale ressaltar que, apesar destes comportamentos serem muitas vezes
próprios da adolescência, é preciso observar se muitos deles acontecem
ao mesmo tempo, em um curto espaço de tempo, e de curso progressivo.
Ainda, existem outros indicadores que podem demonstrar um uso ainda mais
crítico, como por exemplo: encontrar álcool no quarto ou na mochila do
filho, sentir cheiro de bebida alcoólica proveniente da respiração,
lapsos de memória, dificuldade de concentração, olhos vermelhos e falta
de coordenação motora e/ou da fala arrastada.
Ao identificar alguns destes sinais, o CISA recomenda que a
intervenção seja realizada o quanto antes, mas com o planejamento
adequado. O diálogo entre pais e filhos deve ser estabelecido em
ambiente tranquilo e sem pressa, com disponibilidade de tempo de ambos.

Beber eventualmente também pode ser ruim para o cérebro.
Pela experiência dos especialistas do CISA, um bom começo é perguntar
ao filho o que ele pensa sobre o consumo de bebidas alcoólicas,
ouvindo-o com atenção e sem interrompê-lo. Muitas vezes os adolescentes
têm uma visão equivocada sobre o uso desta substância e a ajuda
oferecida pelos pais pode combater alguns mitos. Para começar, informe
que o álcool é uma substância que age diretamente em órgãos como o
cérebro, coração e rins, diminuindo o tempo de reação e prejudicando a
coordenação motora, a clareza de raciocínio e o julgamento, deste modo,
afetando o corpo e a mente.
Além disso, é importante evitar táticas de intimidação. Os
adolescentes sabem que muitas pessoas bebem sem maiores problemas, por
isso é importante discutir as consequências do uso do álcool sem
exagero. Para esclarecer esta questão, deixe-o ciente de que os efeitos
são diferentes entre adultos e adolescentes, e é justamente por isso que
o consumo não é recomendado para menores de 18 anos de idade.

Jovens estão cada vez mais dirigindo sob efeito do álcool.
Com o discurso sobre os efeitos do álcool e da inviabilidade do
consumo na adolescência, uma boa estratégia é abordar sua autoestima,
afirmando-lhes que são muito inteligentes e têm muitos projetos e
possibilidades interessantes para que eles precisem se embriagar e de
alguma forma fugir da realidade. O tom do diálogo deve ser de parceria
entre as partes e não semelhante ao de uma palestra.
Reações agressivas por parte dos adolescentes são comuns e isso gera
um desequilíbrio emocional na família, podendo comprometer a conversa.
Procurar profissionais capacitados para auxiliar neste processo é de
grande valia, assim como comunicar-se com outros pais que também estejam
interessados em educar melhor seus filhos.
A abordagem não é uma tarefa simples, pois exige dos pais um grande
empenho na busca de informações. Além disso, dependendo de como é o seu
estilo de vida, é necessária uma mudança em seus hábitos para que possa
dar o exemplo, assim como o desenvolvimento do autocontrole.
Indiscutivelmente, a melhor maneira de prevenir que o seu filho se
envolva com o uso abusivo de álcool na maioridade é dando o exemplo.
Atitudes simples, como não fazer o uso excessivo, não oferecer bebida a
menores de idade e não passar a ideia de que você bebe como única opção
de lazer ou relaxamento, podem ser úteis. Além disso, é muito importante
estimular hábitos saudáveis no tempo livre, como atividades culturais e
a prática de exercícios físicos.
Sobre o CISA
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA, organização não
governamental criada em 2004 pelo psiquiatra e especialista em
dependência química Dr. Arthur Guerra de Andrade, é, hoje, a maior fonte
de informações no País sobre o binômio saúde e álcool. Por meio de seu
website (www.cisa.org.br), a ONG disponibiliza um banco de dados baseado
em publicações científicas reconhecidas no cenário nacional e
internacional, em dados oficiais (governamentais) e na informação de
qualidade publicada em jornais e revistas destinados ao público geral,
estudantes, profissionais de saúde, pesquisadores e empresas sobre o
álcool e suas relações com o corpo, a mente e a sociedade.
O CISA acredita na importância do rigor ético e na transparência de
suas ações no que diz respeito à obtenção e divulgação de conhecimento
atualizado e imparcial na área de saúde e álcool e prontifica-se a
colaborar com políticas públicas que abordem o tema de forma eficaz.
Também está comprometido com o avanço do conhecimento nessa área e
encoraja a adoção de medidas para prevenir o uso nocivo de álcool e suas
consequências, por meio de parcerias e elaboração de materiais
educativos e de prevenção.