Ela está se constituindo em uma nova
modalidade de droga!
Muita coisa mudou no comportamento
social do brasileiro nestas duas últimas décadas, mas nada se compara ao efeito
que a internet tem exercido sobre a qualidade dos relacionamentos que vêm sendo
criados e estabelecidos através dela.
Instrumento indispensável no que diz
respeito à agilidade nos negócios, suscita controvérsias quando a questão é o distanciamento
do contato pessoal entre as pessoas.
Escondidas no imaginário de cada um
encontram-se diversas personalidades que, amparadas pela tecnologia e
protegidas pelo monitor, vão criando “amigos” anônimos tão virtuais quanto a
descrição que fazem de si mesmos.
Mundo fascinante este em que se pode
extravasar fantasias, neuroses, manipular emoções e romper com os padrões
normais de comportamento, tudo isso num simples clicar de teclas.
São sapos que viram príncipes e
vice-versa, pedófilos disfarçados que atacam crianças, moças que são aliciadas
para a prostituição por propostas “imperdíveis”, casais se traindo ou buscando
parceiros para novas aventuras extraconjugais, adolescentes comprando drogas ou
fotos pornográficas, invasores de contas bancárias, ladrões virtuais,
estupradores agindo como empresários na área de modas, vírus propagados por
‘rackers’ para invadir e destruir nossas máquinas... Enfim, uma infinidade de
situações constrangedoras e perigosas transitando livremente pela rede mundial confirmando
a fragilidade do sistema.
Infelizmente, o que deveria ser um
avanço em termo de conhecimento e desenvolvimento tecnológico tem servido, na
maior parte do tempo, a um propósito bem menor e menos nobre; o de aplacar a
solidão, quebrar a barreira da inibição, converter ansiedade em intermináveis
horas de desabafo com desconhecidos na sala de ‘chat’ e fazer aumentar a
marginalidade e a criminalidade.
O que existe de sites perniciosos,
criminosos, pornográficos e absurdos na rede é uma coisa descomunal. Acreditem!
Atualmente, em torno de 50% dos sites que ‘rolam’ na rede deveria ir parar
diretamente na lixeira!
Para os adolescentes e jovens em geral,
os estragos vão desde a perda do contato com a realidade até a dependência
total do sistema, deixando para trás o convívio com a família e os estudos, o
que vem há tempos preocupando pais, educadores e médicos.
O que a princípio pareceu um excelente
antídoto contra as más amizades e companhias, hoje é considerado, além de um
estimulador para tal, uma doença chamada SCI (Síndrome da Compulsão por
Internet).
Os contaminados por essa síndrome são
denominados VIA (Viciados em Internet Anônimos) e precisam de tratamento tanto
quanto os dependentes químicos, pois, até os sintomas da abstinência, estes
também têm.
Como todo tratamento depende da vontade
do paciente e da habilidade do psicólogo (nos casos leves) e do psiquiatra (nos
casos mais graves), a luta é grande, pois raros são os casos em que as pessoas
aceitam que estão doentes, viciadas e que precisam de ajuda.
O que começou como uma promessa de
avanço se tornou o foco da alienação e dissimulação de valores éticos, morais e
sociais. Precisamos estar atentos e prontos para alertar a sociedade sobre os
perigos, as ciladas e os sérios problemas que o uso indiscriminado e sem
controle da internet pode causar dentro e fora dos lares.
Hoje, somos o primeiro país em
quantidade de horas de utilização da internet – são 15 horas contra 11 horas
gastas pelos japoneses, que já lideraram o ‘ranking’ (e olha que eles são uma
potência mundial econômica).
E... como diz o ditado “tudo o que é
demais, faz mal”, o problema é que o brasileiro sempre precisa esticar a corda
até o final para descobrir que está sendo enforcado por ela. Estão sendo
destruídos por um inimigo virtual, isso, se já não bastasse a luta contra os
inimigos reais.
Se liga!